terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Daniel Pinchbeck: 2012 como uma transição para uma nova forma de consciência

O trecho a seguir foi traduzido de entrevista concedida pelo escritor Daniel Pinchbeck ao site Neofiles em 2005. Pinchbeck é autor dos livros "2012: The Return of Quetzalcoatl" (2006) e "Breaking Open the Head: A Psychedelic Journey into the Heart of Contemporary Shamanism" (2003), além de colaborador de revistas como Wired e Harper's Bazaar.

"Não devíamos nos fixar no ano 2012.
Eu diria que já estamos num período de transição, uma transição para uma nova forma de consciência humana, e esse processo deve se completar em algum ponto próximo dessa data. É importante notar que o processo está tomando forma agora, e está aumentando sua intensidade. Mas o que é esse processo? Eu tenho encarado o assunto por uma série de perspectivas filosóficas e esotéricas. Por exemplo, [...] [o psicanalista Carl] Jung propunha que mente e matéria na verdade não são separáveis, e a relação entre as duas se manifesta através de sincronicidades, conexões telepáticas e de várias outras maneiras. Ele percebia que a humanidade está suprimindo a "realidade da psique", e que essa supressão não pode durar para sempre. Antes de morrer ele viu diversos sinais que interpretou como possíveis passos rumo a uma mudança na natureza da psique.
O filósofo do século 20 Jean Gebser escreveu uma obra-prima sobre a evolução da consciência humana, "The Ever-Present Origin" (1986), na qual ele divide tal evolução em várias estruturas e estágios. De acordo com sua tese, a humanidade está à beira da passagem do que ele chama de estrutura "mental-racional" para uma que ele denomina "integral-aperspectiva".
A essência dessa transformação seria uma mudança no modo como compreendemos e vivenciamos o tempo. Nós também passaríamos a considerar estruturas antigas de consciência, como o misticismo e a magia, ao invés de rejeitá-las, como fazemos agora. Gebser nota que ainda nos imaginamos contidos num tempo definido por metáforas espaciais - "o tempo está acabando", "não temos mais tempo", "estou gastando meu tempo" etc. Tratamos o tempo como uma quantidade - pode-se ter o suficiente ou não. Mas, como Gebser aponta, o tempo não é nada disso - o tempo é um elemento estruturador subjacente da realidade, e nada tem a ver com espaço. Essa má-interpretação da natureza do tempo seria a causa de nossa atual crise - algo que ele descreve como o mesmo que tentar pilotar um jumbo dentro de uma salinha. Gebser não sabia sobre o calendário Maia, mas o que para mim é tão interessante sobre o calendário é que ele apresenta uma orientação diferente em relação ao tempo, uma que eu diria ser muito mais útil. Os dias são considerados "tons" que possuem uma relação harmônica entre si, girando em ciclos de 260 dias. A sincronicidade é parte integrante do calendário Maia, em oposição ao linear e arbitário calendário Gregoriano que nós usamos e que nos impõe um certo modelo de tempo linear. A visão de Arguelles [José Arguelles, líder espiritual new age e autor do livro "The Mayan Factor: Path Beyond Technology", sobre o calendário Maia] é que os calendários eram originalmente usados para nos sintonizar com os ciclos naturais, mas os calendários solares usados pela civilização ocidental têm sido artificialmente desincronizados, e não correspondem aos ciclos lunares. Isso acaba por nos afastar cada vez mais da ordem natural das coisas, rumo a padrões de comportamento cada vez mais artificiais, desincronizados e talvez até dementes. Especificamente, a data de 21 de dezembro de 2012 no calendário Maia conclui um ciclo de 5.125 anos, o que, para eles, é um movimento completo na história humana - englobando desde as origens da civilização (com a construção do Stonehenge e das pirâmides) até o período diante de nós, que eles pareciam considerar como um ponto de transformação inevitável para a evolução humana. Em termos astronômicos, naquela data o sol do solstício de inverno estará alinhado com [...] uma fenda escura no centro da Via Láctea. Hoje sabemos que existe um enorme buraco negro neste ponto - astrônomos de hoje descobriram-no vários anos atrás, mas o calendário Maia já chamava a fenda de "buraco negro" em sua época, de acordo com John Major Jenkins [autor de diversos livros sobre o assunto, entre eles "Maya Cosmogenesis 2012" (1998)]. Teríamos que aceitar a noção de que o movimento de enormes corpos celestes poderia estar exercendo algum tipo direto de efeito energético sobre a consciência humana na Terra - claro, esse tipo de idéia é a base da Astrologia, tal como da teoria egípcia para a Precessão dos Equinócios. Num nível intuitivo, uma coisa que eu enxergo sobre a transição é que a realidade parece estar reagindo sutilmente cada vez mais, ao mesmo tempo em que se torna menos densa em sua forma material. Isso parece acontecer em fases. Mais e mais pessoas que eu conheço - e isso é totalmente verdade - estão experimentando mais sincronicidades, mais pensar em algo e esse algo acontecer; pensar em alguém e esse alguém aparecer. É como se a atmosfera psíquica estivesse se aquecendo - ou, nos termos de Gebser, como se a consciência estivesse se intensificando. É claro que o único modo de afirmar que isso está acontecendo é cuidadosamente tomando nota de suas próprias experiências, observações e estados de consciência."

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Poder e Vaidade

Poder e Vaidade
Fala-se muito das misérias humanas. Fala-se sobremaneira da miséria econômica, a tal ponto que a miserabilidade se constitui numa classe social.

Mas, ao lado das misérias materiais há outras de maior gravidade, que são as misérias morais.

A vaidade é uma delas. Mistura-se a todas as ações humanas, e mancha os pensamentos mais delicados. Penetra o coração e o cérebro.

Planta má, a vaidade abafa a bondade. Todas as qualidades são aniquiladas por seu veneno.

Faz com que os homens se esqueçam de Deus, que se constitui em socorro apenas implorado nos momentos de aflição, e jamais o amigo convidado ao banquete da alegria.

A vaidade por si só se constitui em obstáculo ao progresso moral dos homens, mas quando está de mãos dadas com o poder, torna-se nefasta.

Nos tempos em que as estradas poeirentas da Galiléia ainda eram marcadas pelas sandálias humildes do Sublime Nazareno, um ensinamento singular ficou impresso na história através de um diálogo do Cristo com um senador romano.

Jesus falou-lhe de humildade, mas aquele homem investido dos poderes e glórias transitórios, deixou-se arrebatar por uma onda de orgulho e questionava-se mentalmente:

Humildade? Que credenciais apresentava o profeta para lhe falar assim, a ele, senador do Império Romano, revestido de todos os poderes?

Lembrou a cidade dos césares, coberta de triunfos e glórias, cujos monumentos acreditava, naquele momento, fossem imortais.

Jesus, conhecedor das leis eternas e imutáveis que regem a vida, percebendo seus pensamentos, respondeu com serenidade e firmeza:

─ Todos os poderes do teu império são bem fracos e todas as suas riquezas bem miseráveis...

As magnificências dos césares são ilusões efêmeras de um dia, porque todos os sábios, como todos os guerreiros, são chamados no momento oportuno aos tribunais da justiça de meu Pai que está no Céu.

Um dia, deixarão de existir suas águias poderosas sob um punhado de cinzas misérrimas. Suas ciências se transformarão ao sopro dos esforços de outros trabalhadores mais dignos do progresso. Suas leis injustas serão tragadas no abismo tenebroso destes séculos de impiedade, porque só uma lei existe e sobreviverá aos escombros da inquietação do homem:

A lei do amor, instituída por meu Pai, desde o princípio da criação...

Nesses ditos de Jesus, há um singular ensinamento: a transitoriedade das ostentações humanas construídas sob os impositivos da vaidade.

E Jesus tinha razão. Dois milênios após, pouca coisa restou daquele império tido como imortal. Restam hoje apenas algumas ruínas que o tempo se encarregará de extinguir.

Todavia, o tempo não logrará destruir os ensinamentos grandiosos legados à humanidade pelos cidadãos romanos que se dedicaram em construir patrimônios imperecíveis, não sujeitos às leis da matéria.

***

Deus, antes de colocar a humanidade sobre a face da Terra a enfeitou de belezas naturais, revestiu-a de todos os elementos e recursos necessários ao nosso bem-estar.

Para iluminar o dia, ele nos deu o Sol, radiação gloriosa. E para clarear as noites salpicou-as de estrelas como se fossem flores de ouro.

E nós, o que temos para ofertar a Deus, senão o nosso coração?

Mas, longe de enfeitá-lo com alegrias, virtudes e esperanças e permitir que Deus o penetre, só o fazemos quando o luto, as amarguras e decepções nos visitam e nos ferem.

Deixemos a vaidade de lado e ofertemos o nosso coração livre de dores.

Ofereçamo-lo a Deus como homens, de pé, e não como escravos, de joelhos. Lembremo-nos de Deus também nas horas de alegria e felicidade.
(Do livro "Há 2000 Anos", cap. O Messias de Nazaré)


Mensagem





Quando a violência cortar o seu coração com lembranças amargas, recorda o Mestre.
Jesus foi a mais sublime das criaturas, o mais querido dos filhos e o mais perseguido pelos próprios favorecidos de seu amor.
E quando achar que para a violência não existe solução, recorda o remédio, ainda não tomado, que o Cristo nos deixou para que esta triste vertigem fosse apagada do seio da Terra, nos prometendo vida com mais alegria:
- "Amai-vos como eu vos amei".


Médium: Celso de Almeida Afonso

Espírito: Caminheiro de Agostinho

Livro: Frutos do Caminho, p. 120